A sexualização das futilidades e a trilha muiscal que esfola os corpos: os casos de estupros são seus desdobramentos?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Que a sexualidade é parte inerente da natureza humana,
isso Freud morreu afirmando. Que esta natureza quando negada, pode tomar outros caminhos, tal como o rio,
quando diante dos obstáculos, isso Freud também ficou velho precoce de nos
avisar sobre isso. A questão agora é como dizer a sociedade que, sexo não é nem entre os animais, fútil, e assim, evitar a substituição do próprio corpo por “ bugigangas
sedutoras”. Coisa que nos será praticamente impossível!...
A onda de estupros que envolve desde pastores, integrantes de bandas musicais a
bandidos em ônibus lotados, no mínimo exige uma reflexão acerca do que de fato
está acontecendo com a sociedade. A proposta deste texto é suscitar reflexões,
conquanto, sejamos conscientes do quão limitado e incipiente o é.
Mas enfim, aqui cabe o pouco do que temos a dizer a
respeito. Vejamos:
Primeiro: o prazer, se assim posso falar, mudou de foco,
isto é, este não está mais no prazer de
fazer o ato prazeroso pelo sujeito, mas
em ser visto por outrem fazendo. Isso vai desde o som ensurdecedor dos
automóveis, com seus aparelhos sonoros cada vez mais potentes, onde o sujeito não se satisfaz apenas em
ouvi-lo, mas em saber sobretudo se está
sendo pelos outros percebido como tal, como
também o próprio ato sexual que cada vez
mais deixa de ser algo íntimo ( entre quatro paredes) para se tornar um ato
partilhado por todos. É nisso, portanto que reside o prazer.
Segundo: em outras palavras, tudo se transformou numa espécie
de reality show, onde “o gozo” está
nos olhos do outro, e não nos de quem está a praticar o ato gozoso.
Terceiro: Existe uma verdadeira indústria por trás deste
comportamento, sobretudo, as do entretenimento e as da mídia.
Quarto: As bandas musicais ( não todas, há exceções,
portanto) com seus show e repertórios estão cada vez mais apelando para a
vulgarização da sexualidade. Aliás, é bom que se diga que não só há bailes em que acontecem verdadeiras orgias
ao som de músicas que literalmente esfolam o corpo do sujeito.
Quinto: neste cenário
da “sexualização das futilidades”,
o sujeito por outro lado, já cego de ver, o que deveria
ser feito de olhos e mentes abertas com e na sua intimidade, agora passa a valorizar as
atitudes “brutalizadoras” , tais como os estupros e outros que tais, no esforço em vão de ressignificar aquelas?
Sexto: eis ai a questão. Que tal fazer um esforço reflexivo?
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