O medo e suas sementes, o corpo, a terra entre rios



Por Gilvaldo Quinzeiro




Quem busca a difícil  e ingrata tarefa de compreender o homem, há de se adentrar a um tema assombroso, sob pena de, no final, não ter nem sequer  iniciada a missão,  isto é, o medo. O medo? Como assim?

Ora, o medo tem muito mais a nos dizer  o que de fato somos, do que em quaisquer outras lições...

Em certo sentindo, o medo se não é o que nos edifica enquanto homem, mas certamente, sem ele não nos faria a diferença alguma  “ ficar de pé” – coisa que nem todo bicho consegue – você consegue quando com medo?

Tal como no quadro  “O Grito”  de Edvard Munch, o medo é da ordem que nos leva a ser um outro – aquele que o medo o edificou -  afinal quem apareceria para nos socorrer, senão o corpo em suas curvaturas?

Em  outras palavras,  do  medo, tema tão presente nas nossas vidas apressadas, deste, somos apenas seu eterno  inquilino, ainda que, paradoxalmente, travemos interiormente  uma luta titânica para expulsá-lo.

Quão em vão é esta luta, o máximo que conseguimos é nos aliar e lhe pedir arrego!...

 É, pois, nesta moradia ( o medo )  de portas sempre escancaradas, onde “a cobra” não só possui duas cabeças, como o pau que a mata é tão peçonhento quanto aquela, o logo, nada aqui se mata – tudo se planta – para, no final nascer de corpo retorcido, ou, quando não, na falta do próprio corpo.

É aqui onde o gênio de Freud, ( sempre ele)  trava um encontro e um diálogo horripilante, face a face -  com o mais significante de todos os medos – o complexo de castração!

É graças ao  “complexo de castração”, e se não fosse este – chamar o outro de “filho de uma égua” -  seria no mínimo já ter aberta todas as porteiras.

Ufa!

Graças a Deus!







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