A fome, os insetos e o homem: quem afinal devorará quem na fome que não se matará mais com os enlatados?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A fome e os insetos, ambos velhos inimigos da humanidade, hoje, voltam a se encontrar com o homem no mesmo caminho: quem afinal comerá quem? Se depender da recomendação da Organização das Nações Unidas, o homem se quiser sobreviver num mundo que será cada vez mais populoso, mas por outro lado, escasso de comida, não tem muito que escolher, ou seja, ou se come os insetos, ou estes nem dos insetos servirão mais de comida.
Veja que paradoxo: a humanidade ao mesmo tempo em que
atinge o seu maior desenvolvimento cientifico e tecnológico, poderá, se não
alimenta da fartura de insetos (ainda bem), morrer de fome!
Mas comer inseto não é novidade. Em muitas culturas estes
são pratos deliciosos! A questão, a meu ver é outra. É, portanto,
filosoficamente complexa. A saber, estamos nós de volta às cavernas ou dela
nunca saímos? Não é esta mesma “civilização” que num passado recente condenava
os povos que se alimentavam de insetos, os chamando de bárbaros? O que afinal mudou de lá pra cá?
O que separa agora os bárbaros, dos civilizados?
Ora, se homem no auge da civilização, na pós-modernidade
como é assim chamado, já se (des)raizou
da condição de homem, dado a tudo que este mesmo tecnologicamente construiu ( ou destruiu... sei lá...),
imagine, agora, então, o homem tendo
como cenário, o da fome – que bicho seremos ( ou se já somos) para disputar
entre os outros bichos o mesmo cardápio -
os insetos!
Enfim, o máximo que chegamos no “fritar dos ovos” foi nos
transformar em “gafanhotos” que já devoraram
tudo, e agora o que nos sobrou foram os insetos?
Afinal para que servem tantas ciências, se estas enfim, não foram
capazes de prover o básico para o homem que desde o tempo das cavernas lutava
selvagemente para obtê-lo, isto é, a comida? Ou será mesmo que todo este
desenvolvimento nunca esteve de fato a serviço da humanidade, mas apenas dos interesses
de um pequeno grupo – aqueles que de fato sempre se consideraram “donos do mundo”? Vamos todos enfim, comer os
insetos, ou estes apenas estão sendo recomendados, desta feita oficialmente, para quem sempre os comeu, ou seja, os pobres?
Cadê “os enlatados”? Não são mais nutritivos?
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