O rasgamento do sujeito, e o outro lado das coisas na mão que balança




Por Gilvaldo Quinzeiro



Que realidade ainda está por vir, quando,  a que nos escapa,  nada  fizemos para contemplá-la? Como se considerar “sujeito” naquilo que não nos damos conta que existe? Quão estranho é o  outro, quando “o consigo mesmo” se passa sem que com  este   nos identificamos ?

Que coisa é esta, senão “o escancarado rasgamento” do sujeito! 

A propósito destes questionamentos, ou melhor, dizendo, estes questionamentos   foram motivados por uma conversa recente com jovens adolescentes,  quando perguntados sobre da sua  relação com o aparelho de celular( e outros que tais). Entre tantas respostas, uma em particular me chamou atenção: “ o celular pra mim é um dedo”.  Como assim? – perguntei, e a resposta veio pronta: “não o tiro da mão nem pra dormir”.

Que coisa, não?

Pois bem, inacreditável isso!  Que estágio chegaram  as coisas ( ou o homem?): -   a mão sobre a coisa é a coisa na qual a mão se transformou! E quanto ao sujeito?

O sujeito  há muito tempo  se eclipsou!

De fato, quantos jovens (outros nem tanto assim), estão simplesmente “na mão” que segura à coisa, quando esta (a coisa) é quem a ponta os dedos para a outra mão que já não sabe a que coisa pertencer!

Esta reflexão nos obriga a fazer uma incursão pelo corpo –  outra coisa sem qual, tudo enfim, seria “um saturno sem seus anéis”.  Ora, no bojo desta conversa – aquela em que o sujeito se eclipsou – nada mais assombroso, do que o corpo que ficou  literalmente sem sua cabeça ( sem o sujeito).

Isso me faz pensar, entretanto, que a violência que nos esfola todos os dias, é, em certo sentido, a busca da “coisa” que também foi nos  arrancada com a mão.

Por fim, um detalhe precisa ser lembrado: a mão que nos foi arrancada, quando pensávamos que a ordem de todas as coisas, pudesse, enfim, substituí-la. Ora, que engano este, não?

E agora  tudo é tão somente, a carne viva!

Viva a mão que ainda possui dedos para as coisas apontar!
















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