As pedras e a loucura: quem ajunta quem dentro de nós?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A loucura é o esbarrar consigo mesmo juntando ‘pedras’ –
as de fora - pois, as de dentro se desmancharam no primeiro esforço de se
erguer as paredes do edifício egoico. Sim, a loucura é uma daquelas situações
em que podemos dizer: “a casa caiu”! O
que restou? O gesto tardio de juntar as 'pedras'!
As pedras em nosso caminho. A rigor, a vida é um ajuntamento
de ‘pedras’ sem fim – o carregar a casa sobre as costas! Ai daquelas loucuras
que não se contem no ajuntamento das ‘pedras’ – seria enfim, o desmoronamento
da própria loucura.
A loucura é, portanto, a mais humana das condições humanas.
Por ela se aprende, quão tênue é a linha divisória que separa a loucura da ‘normalidade’
– uma quase não separação!
O dito acima se deve a um propósito, qual seja, o de
alertar no sentido que ajuntemos as nossas coisas, algumas soltas; outras
amontoadas e aquelas que estamos sentados em cima para não escapulir todas as
nossas ‘verdades’!
Que ‘verdade’ fala realmente mais sobre a nossa natureza
do que um ‘pum’? São verdades como esta que estamos sentando em cima?
Pois bem, a vida real, digo, o nosso atual estilo de vida,
tem sido um ‘segurar de um arroto’, a despeito de nada mais podermos segurar,
em virtude de, muitas vezes, termos as mãos cheias de coisas. Coisas estas que
não valem o grande esforço de carrega-las.
Poderíamos, para efeito de ilustração, darmos vários exemplos, mas vamos passar
esta tarefa como exercício reflexivo para o leitor.
Por fim, voltando ao ajuntamento das ‘pedras’ e a loucura.
Afinal, com quem de nós nos esbarramos
neste momento? Que ‘pedras’ estamos juntando: as de dentro ou as de fora? Estamos
usando o nosso tempo, se é que ainda temos tempo, na construção do nosso ‘edifício
egoico’? A serviço do quê e de quem estamos carregando as nossas ‘pedras’?
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