Os 'arrastões' e outras novidades
Por Gilvaldo Quinzeiro
“E a novidade que seria um sonho, o milagre risonho da
sereia
Virava um pesadelo tão medonho, ali naquela praia, ali
na areia
A novidade era a guerra entre o feliz poeta e o
esfomeado
Estraçalhando uma sereia bonita, despedaçando o sonho
prá cada lado"
sereia
Virava um pesadelo tão medonho, ali naquela praia, ali
na areia
A novidade era a guerra entre o feliz poeta e o
esfomeado
Estraçalhando uma sereia bonita, despedaçando o sonho
prá cada lado"
Gilberto Gil/ Bi Ribeiro / Herbert Vianna / João Barone
“Um drible por entre as pernas” em uma sociedade
indefesa. “Uma cobrança de pênalti e o goleiro amarrado”. “Um gol escancarado
diante de um artilheiro implacável”.
É com estas gírias
futebolísticas que descrevemos as cenas dos ‘arrastões’ protagonizadas nas
praias cariocas, no último domingo por menores. E mais ainda: é a face nua e crua do nosso paradoxo, como
bem diz em “A Novidade”, o compositor baiano Gilberto Gil. Ver o trecho da
letra acima.
Quisera ao menos que a agilidade daqueles menores em saírem
“driblando” a todos num espaço completamente povoado, fosse por exemplo, o nascimento
de um “novo Garrinchinha”, depois daquele fatídico 7 a 1 contra a Alemanha!
Por falar nesta vergonhosa derrota, no próximo domingo,
caso se confirme o que está sendo articulado pelas redes sociais, a saber, a
formação de grupo de “justiceiro” para uma revanche, teremos enfim, nas praias
da cidade maravilhosa, cenas de selvageria!
A barbárie!
Meu Deus! Quisera também que os menores que praticam os
arrastões em nossa cidade, Caxias, tivessem a fome de poesia, a exemplo de
outros filhos desta terra, que, mesmo não tendo outra coisa para se alimentar,
ainda assim, se tornaram “fortes e bravos” na exaltação da nossa cultura!
Por fim, que não esperemos de braços encruzados para
saber realmente a diferença entre “um feliz poeta e um esfomeado”. Que tenhamos
cuidado não só com o rabo da sereia, pois, o estraçalhado pode ser exatamente o
nosso!
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