Entre 'o grande e o cínico', quem pariu o mundo atual?
Por Gilvaldo Quinzeiro
O mundo que se arde e se parte em crise nos tempos
atuais, se pudéssemos traçar sobre ele uma linha filogenética a procura de suas
origens, diríamos que o mesmo não é o que foi ‘plantado’ por Diógenes
de Sínope, o cínico, com certeza, quando este andava com a sua lamparina acesa
em plena luz do dia, em busca de homens honestos, mas aquele que triunfou pela
espada sanguinária de Alexandre, O Grande.
Em outras palavras, o vencido não significa ter sido o
merecedor da derrota, e nem o vencedor, o melhor dos homens. A questão aqui tem
a ver apenas com o tipo de ferramenta usada para convencer os homens.
Ora, a ‘verdade’ é sim circunstancial, e só passa ser vigente
pelo interesse de quem tem a força para impô-la. Por isso, toda ‘verdade’ tem
que ser engolida como peixe, isto é, devagar e com muito cuidado.
Pois bem, se estamos agora a procura do ‘parto’ das
coisas atuais, temos que retroceder no tempo. E volver ao clássico encontro de
dois homens, cada um na sua rotina diária, e com seus mundos a conquistar, a saber,
Alexandre, O Grande e o filosofo grego Diógenes de Sínope. Alexandre, sempre à
frente das suas tropas a conquistar o mundo dos outros, usando para isso a sua
estratégia militar e a sua reconhecida habilidade com a espada. De fato,
Alexandre conquistou todos os mundos possíveis que um homem poderia desejar na
sua época. Já Diógenes, diariamente era visto nu pegando sol sobre um barril,
preocupado apenas com uma coisa: o seu próprio mundo! E quando andava pelas
ruas de Atenas, usava sempre uma lamparina acesa, ainda que em plena luz do dia,
a procura de homens honestos, um único que fosse.
Diz a história
sobre o encontro desses dois homens o seguinte, depois de voltar de suas
conquistas, Alexandre já sabedor dos feitos e pregações de Diógenes, fez
questão de se encontrar com o mesmo. E quando, de frente do filósofo na sua
rotina de pegar sol, Alexandre disse: “Sou Alexandre, aquele que conquistou todas as
terras. Peça-me o que quiser que eu lhe darei. Palácios, terras, honrarias,
escravos ou tesouros jamais vistos. O que você quer, ó Sábio?”. Diógenes,
levantou os olhos e respondeu: “Senhor, apenas não tire de mim o que não pode
me dar”. Diógenes se referia ao sol que naquele
momento, Alexandre e suas tropas se colocavam bem na frente. Alexandre,
envergonhado saiu em silêncio e nunca mais voltou.
Veja que homens e que mundos diferentes! Qual dos dois
homens, de fato, realizou a maior de todas as conquistas? Quem neste ‘duelo’ de
palavras foi mais corajoso que o outro? Qual dos dois homens, o mundo de hoje
deve a sua 'verdade' vigente?
Bom sábado a todos!
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