Enfim, todos nós temos 'útero' e andamos apressados como os sapos


Por Gilvaldo Quinzeiro


Os homens morrem. Só os sonhos sobreviverão.  Os sonhos alimentados por vívidos desejos, estes sim, herdarão a terra, porque são inerentes a natureza. Há uma natureza nos homens que independe dos ‘nomes’, que estes deem a ela. Esta natureza não pertence a ninguém – é patrimônio de todo inconsciente coletivo.

A infância não é uma fase apenas. Ela é o ‘útero’ de toda a nossa vida adulta, e como tal é um lugar de abrigo e retorno. Ai de quem rasgar este ‘útero’ pela pressa de querer pisar no chão!

 Que mundo recepcionaria o pinto na sua pressa de sair do ovo antes do tempo?

À priori qual o significado dos ‘arrastões’ protagonizados por aqueles ‘meninos’ nas praias cariocas, senão o ‘rasgamento do próprio útero’ e a transformação do “sabugo em milho”! O ‘milho’ que de agora lhe devorará a velhice, o que por conseguinte, significa não ter atingido a condição de ‘galo’.

Enquanto isso, há um permanecer que a ninguém pertence, a exemplo, do sol e da lua. Estes sim caminham com seus próprios pés, todos os dias há milhões e milhões de anos. Entre os homens e o sapos, só estes últimos podem se orgulhar de terem vivido tantos anos assim.


Portanto, o engatinhar dos homens é sempre. Está de pé é passageiro. A velhice é o diálogo tardio com a juventude, que, as vezes, foi   desperdiçada – o retorno ao nosso engatinhar – mas nem sempre a compreensão de que sempre fomos vizinhos dos sapos, e de que poderíamos ter aprendido com eles!

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