A criação que não foi obra de Deus!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Diz o dito caboclo que a única coisa que Deus não criou,
foi a ‘boca’ da cabaça, esta sim é obra exclusiva do homem! Eis aqui o ‘talho’
na cosmogonia que, se fosse obra dos gregos, certamente renderia teses e mais
teses de Mestrado – como não – quem sabe um samba-enredo!
Sim, meus senhores, este é um axioma dos velhos sábios
caboclos com quem deveríamos aprender muitas das lições das quais hoje somos
tão carentes - que pode ser comprovado –
o único é bom que se diga!
A cabaça ou porongo é a designação comum dos frutos da família
das cucurbitáceas cuja origem não se sabe ao certo, se asiática, se africana.
Aqui no Brasil, em especial no Nordeste é usada como utensilio doméstico, sendo
seu uso mais comum no armazenamento de água.
A ‘boca’ da cabaça é a recriação da imagem do homem nas
coisas ou a antropormorfização sem a qual o mundo seria sob a ótica humana, oco!
Em outras palavras,
do homem no homem como coisas que também podem ser homens. Coisas como aquelas
ditas pelo grande sofista grego Protágoras:
“O
homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das
coisas que não são, enquanto não são."
Em tempo de tanta hostilidade de uns para com os outros, e
voltando a falar da importância de aprendermos com as lições de vida dos sábios
caboclos, uma é criação pura, a saber, quando na sua lida do roçado e estando
com sede, eis que era costume entre os caboclos saciarem a sede bebendo água da
“boca da mesma cabaça” – coisa impensável nos dias atuais!
Enfim, se há uma
outra obra que depende mais dos homens do que de Deus - esta é sim, o espírito de
união e solidariedade – tal como aquele feito pelos caboclos quando com a sede que poderia não só ‘dividir’,
mas também matar todos homens!
Por fim, o problema
desse axioma, não é a sua comprovação em si, mas, encontrar a ‘cabeça’ disposta
a pensar a cabaça!
Viva os Mestres caboclos!
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