A vida pelo lado de dentro do vidro
Por Gilvaldo Quinzeiro
Este texto é uma leve pincelada sobre o ‘cenário’ atual
onde encenamos as nossas vidas. Umas mais curtas, mas merecedoras de maior
duração; outras tão longas quanto filme ruim e legendado. Mas, enfim, com seus
diretores e atores em busca de premiação!
A vida é a janela pela qual, nós os seus atores, nos
atiramos literalmente em busca de seus sentidos! Um bom ator nunca sai ileso,
pois, o palco onde ele encena é feito de arranhaduras.
Para facilitar o entendimento ou aguçar mais ainda o espírito,
o dito aqui é escrito ao som das trilhas clássicas dos filmes de faroestes.
E como nos velhos filmes de faroestes em que as carroças
sempre partem por estradas empoeiradas, somos hoje os ‘heróis’ que nunca
encontram nada para fazer, senão encravar na terra como se balas fossem, o
próprio nome! O caso recente ocorrido no
carnaval paulista, em que uma modelo contraindo as normas dos desfiles, ficou
nua apenas para associar seu nome a “rainha dos protestos”, é um exemplo,
de como nos tornamos!
Em outras palavras, a vida nos parece tão estéril, quanto o
cenário de um filme da conquista do Oeste americano. Cenário este no qual
devemos fazer o nosso nome a todo custo!
Hoje, não se veem mais as carroças empoeiradas. A vida
ganhou velocidade máxima. Viramos apenas expectadores do ritmo em que as coisas
mudam, não só de lugar, mas de uma substância para outra. Tudo ganha olhos e
bocas. As vitrines, por exemplo, nos
olham, como se nossos fossem, seus olhos!
Porém, os motivos
pelos quais se mata ou se morre, nunca foram tão banais. Enquanto que os ‘bandidos’,
estes sim, se tornaram sérios senhores – donos das nossas vidas!
Ao analisar as recorrências
das palavras que fazem parte dos nossos jargões tais como “blindar” alguém”, em
vez de simplesmente proteger; “vou “vazar”, em vez de dizer estou saindo; “curtir
uma “balada”, em vez de diversão, entre outras do gênero, não nos deixam dúvida
de que nos tornamos seres engarrafados.
Por fim, vivemos, pois, do lado de dentro vidro, e
respiramos pela boca dos outros. Talvez por isso, nos sentimos ‘inflados’ - um
cheio dentro do vazio!
Tenham todos uma ótima quarta-feira de cinzas!
Boa respiração!
Comentários
Postar um comentário