Os amores em seus curtos lençóis, e compridos sofreres!
Por Gilvaldo Quinzeiro
O amor a despeito de suas metamorfoses, dispensam lençóis
coloridos ou compridos. Quanto mais curto as vestimentas, melhor! Que assim
seja! Entre os amantes, então, por que se preocupar com os seus botões?
Nesta semana, os
lençóis antes usados como cobertas plenas, ficaram curtos demais ao menos para
dois casos, a saber, o suposto relacionamento amoroso entre o Papa João Paulo
II e a filósofa Anna Teresa
Tymieniecka, que veio à tona numa reportagem do jornalista Edward Stourton,
da BBC de Londres; e o outro, entre o ex-presidente da República, Fernando
Henrique Cardoso e a jornalista Mirian Dutra, que resolveu dar minúcias do caso numa entrevista.
O ‘diabo’ desses casos, porém,
não é o sorriso de Freud ao constatar as suas teses sobre as coisas alojadas no
Inconsciente e nem o fato deles realmente terem ocorridos, mas, o
seu uso para outros fins.
Respeitemos os amores entre
os outros, como se nossos fossem! Afinal quem nunca desejou ao menos os seus
fantasmas?
Uma amizade descrita como “mais que amigos, mas menos que
amantes”, e que durou 30 anos, durante os quais foram escritas 350 cartas, entre
o Papa João Paulo II e a Filosofa Anna Teresa Tymieniecka, é uma
coisa poeticamente linda, sem dúvida! Quem não gostaria de viver uma paixão
desta tão inspiradora? Ademais, em nosso tempo são raros os amores cuja força
ainda desperte escrever um bilhete sequer!
A questão aqui, não é por
que os nossos ‘santos’ tropeçam pelo tremor das suas carnes fracas, assim como
as nossas, e sim, por que por amor se sofre tanto! Há os que chegam a ‘morrer’
por amor! Que paradoxo: o despertar de um sentimento desse que, no final o que
se colhe mesmo são seus sofreres! Meu Deus!
E por falar em sofrer por
amor, nada mais sofrido do que o coração do poeta Gonçalves Dias. Eis o que ele
fala:
“Sim, eu te amo; porém nunca saberás do meu
amor; a minha canção singela, traiçoeira não revela o prêmio santo que anela o
sofrer do trovador! ” (Trecho do poema: “Como Eu Te Amo”!)
Por fim, se os novos amores
não são mais tão inspiradores, que tal sofrer menos relendo as velhas cartas
dos amores passados?
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