E aí meu irmão, ainda sem abrir a sua caixa de presente?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Nestes dias de festas e presentes, com a chegada do Natal,
é também um chamado a reflexão. Aliás, é bom que se diga que esta, a reflexão,
tem que ser feita antes como essência desses dias, e não o contrário, ou seja,
as festas e os presentes assumindo o primeiro plano.
E aí meu irmão, ainda sem abrir a sua caixa de presente?
Somos nós mesmos ‘engenhos’ do maior de todos os presentes:
a vida! Mas somos também os únicos a passar pela existência sem sequer abrir a
caixa deste tal presente, deixando para os últimos segundos, que ainda nos
restam, o ato que levaria toda uma vida, qual seja, o de conhecer o seu conteúdo
– a nossa vida interior, isto é, a nós mesmos!
A vida passa, e nós apenas entretidos com o papel de
presente. A vida passa, e nós presos à superficialidade das coisas. A vida
passa, e nós continuamos ‘estranhos’ a nós mesmos. A vida passa, e nós
continuamos do lado de fora da caixa de presente.
Que coisa estranha nós somos! Como desperdiçamos todo o
nosso tempo; toda a nossa existência com aquilo que verdadeiramente não nos servirá
de ‘espelho’!
Ora, não é mera coincidência termos nos tornado na ‘civilização
que mata os mares para nadar no lixo’. Isso é a prova de que vivemos por fora,
e não por dentro.
A nossa ‘caverna atual’ se tornou o lado de fora – o seu
maior achado – a loucura!
Sim, se entendêssemos o quão a vida é complexa, incluindo
aquela desperdiçada com as nossas palavras, pararíamos para refletir sobre a
importância dela!
Por fim, meu irmão, seja você quem for, ainda que nunca tenha tido
a curiosidade de abrir a caixa, não jogue fora este presente!
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