Tempo de muitas palavras, e de pouquíssimo ‘entendedor’.


Por Gilvaldo Quinzeiro


Hoje cercamos o mundo de palavras, sem ‘estacas’ é bem verdade, mas não se planta mais quem de palavras nasça – tudo é ‘coisa’ – as que nos assustam por fora e as que nos engolem por dentro.

O “bom entendedor”, não mais se faz presente em nossas conversas!

Faltam-nos, pois, palavras para ‘pescar’ o significado das coisas, sobretudo daquelas para as quais somos apenas suas ‘iscas’.

E assim, quando o pão e a palavra perdem a sua função de alimento, o primeiro, que nos mantem em pé; o segundo, que nos ergue acima das coisas, então, é chegado o tempo em que não mais existem homens, só ‘sabugos’.

A pior das fomes, portanto, poderá estar em curso. A fome de ilusão. A falta de utopia. O mundo dos desesperados.

Aleppo, cidade do Norte da Síria, depois de tantos bombardeios é hoje este retrato. Que palavra há que descreva aquilo ali?  Que sonhos serão capazes de erguer uma nova cidade apesar da ‘engenharia do medo’?

Por falar em ‘engenharia do medo’, aquelas imagens de uma nova tribo indígenas, no Norte do Brasil, as mesmas que renderam muitas críticas por parte da FUNAI, me fizeram fugir todas as palavras para descrever o que percebi no rosto daqueles índios assustados.

É perigoso pensar que somos melhores do que aqueles índios. É escandaloso impor a eles, os índios, este mesmo estilo de vida, que nos faz todos escravos da nossa vida ‘selvagem’.

Enfim, que entre aqueles índios surja um ‘bom entendedor’, não das nossas palavras, mas do nosso silêncio assustador!

Que o Natal nos traga o presente da compreensão!







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