A saia e os olhos: estamos todos nus ao olhar

Gilvaldo Quinzeiro



Uma saia para cobrir os olhos que veem é a justa medida para abrir o olhar despido. O olhar pois, ver além dos olhos, uma vez que estes, conquanto, soterrados é um olhar achado por quem ver por tras de tudo que cega aos outros. Em outras palavras, uma saia é apenas uma saída para além dos olhos cegos, ou seja, o que despe o que para os olhos é tapado, é o olhar que penetra e devassa tudo o que ver!


O que nos falta neste dias que nos cegam, não são os olhos na cara, mas o olhar que nos arranca de tudo quanto é escuro! Um olhar que se aproveita da saia para se apoderar do que esta esconde aos olhos. Dito de outra forma, o olhar é a boca pela qual comemos esteticamente o que nos alimenta, não o estômago, mas a alma faminta!...


Justamente neste tempo em que não se sabe qual a finalidade do uso da saia, nem a dos olhos, há almas famintas de outros pratos e colheres. Ora, a saia também tem fome! A fome de quem, quando comida se ver sem saída, e se ainda sai de saia, esconde, não pela saia, mas pelos olhos abertos para o olhar de quem ver!


Já se viu sem a saia ou já saiu de saia para se ver pelo olhar de quem anda nu?

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