Violência sexual: quando o predador já não se sente em carne viva, senão quando a presa se agoniza? Uma reflexão sobre o "esquecimento do corpo"!
Por Gilvaldo
Quinzeiro
Pelos sinais
dos números, 150.617 casos de estupros no Brasil, dados do Anuário Brasileiro
de Segurança Pública sobre 2012, marca que supera a dos homicídios dolosos,
podemos concluir que a carne que já era “fraca”, agora se tornou tão puída que
não suporta mais “os novos temperos” ou a sua exposição ao sol? O que dizer dos
casos de estupros coletivos, quando ao que parece são os olhos arregalados do
outro que enfiam nos estupradores, o pedaço da “carne” que lhes falta? O que há
na violência, que já não foi “sexualizada” pelos jovens e sarados corpos
partidos ao meio?
Enfim, este
é um assunto complexo, e que por isso mesmo exige diferentes olhares, desde o
antropológico, o sociológico, o filosófico, psicológico, o psicanalítico e
outros que tais. Contudo, ainda assim, quero arriscar a colocar o meu dedo seco
nesta ferida exposta.
Pois bem, o
sexo pode estar em tudo, especialmente, quando do vão esforço para de tudo se
ocultar o sexo.
Um mão
colada ao celular, por exemplo, quando o corpo inteiro se privou de outras
coisas, até mesmo de ir ao banheiro, então, é quase certo, que um simples ato
de manipular um aparelho de celular, seja substituto de atividades outras,
entre estas o sexo(?).
O dito
acima, é para chamar atenção do “esquecimento do corpo” - do corpo, enquanto, corpo, e deste enquanto
habitat da alma. Ora, então o afundamento do sujeito neste “esquecimento do
corpo”, tem o seu momento de “memória” naquilo em que para o outro as “feridas”
não serão jamais esquecidas? Decerto que sim!
A fome de
fome que se mistura com as fomes que se alimentam do “esburacamento do sujeito”,
é o solo fértil para a violência insaciável que faz dos corpos seu alvo
preferido.
Portanto,
vamos levantar neste assunto uma nova nuance, a saber, a “vampirização das
imagens”; das imagens que sem o nosso sangue não teriam vidas. Aliás, que seriam das imagens que nos sugam
sem a vida que acrescentamos a elas? Ora, a questão aqui suscitada nos leva a concluir
que a violência, especialmente, a sexual é uma espécie de um “fisgar” daquilo
que nos escapa: o próprio corpo!
Isso implica
dizer, entretanto, que o “corpo esquecido” é também o corpo partido no
sofrimento imposto ao outro. Isto é, o retorno da memória, naquilo que corpo em
si não pode mais vivencia-la, dado o espraiamento do corpo nas coisas que agora
o “substitui”! ...
Por fim, a violência é o reencontro com corpo inteiro do outro, e o daquele já despedaçado pela sua falta!
Comentários
Postar um comentário