Tempo de imagens: olhos fisgados!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Neste tempo onde as imagens pescam os homens, não há,
pois, como evitar que os olhos, ainda que na ponta da vara, sejam a própria
isca. Aliás, que olhos possuem os homens quando toda a realidade se faz de
arpão?
Tempo complexo este!
O homem correndo
atrás de si na imagem pescada pelos olhos do outro. O outro que também já se sente
peixe, posto que, o mundo todo é um só mar morrendo pela própria boca!
Ora, até agora não falamos das varas; e, não há
necessidade, pois, o que é então o sujeito, senão aquilo que de tão verde se
enverga?
Portanto, estamos nos primórdios de alguma coisa. Tal
como o homem no princípio de tudo era fisgado pela sua própria sombra.
Que sombra já não nos assombra?
A questão de hoje é: e se aquela imagem pela qual luto
para se tornar a minha, já não servir de isca nem para me fisgar, então por
quem lanço a minha rede ao mar, se a realidade inteira se espraia como escamas?
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