A vida, ainda bem que é feita de um sopro! Já pensou se fosse de uma mordida?




Por Gilvaldo Quinzeiro



Hoje li uma reportagem a respeito de uma igreja nos Estados Unidos, onde os seus frequentadores, inclusive o pastor, assistem e celebram seus cultos, completamente nus. Claro, não só achei muito interessante, como já me tornei um “devoto”. E justifico:  Só os nus herdarão verdadeiramente a terra -  a terra que haveremos de levar nos peitos!

Contudo, não é deste assunto que este texto vai versar. Antes fosse, pois, certamente estaria sendo menos hipócrita! Eu vou falar de outro ato que é tão humano, quanto o nu ou quanto a necessidade de religião, a saber, ato de morder!

A primeira mordida é ambígua, como todo ato que está relacionado a sobrevivência. Ou seja, morder, dependendo do contexto, pode ser tão profano, quanto sagrado. Tão humano, quanto animal. Morder a própria língua é se antecipar a dor que nos provocará quando estando na “língua dos outros”.

Por falar em mordia, foi exatamente ai que Freud abocanhou os seios da sua própria mãe com a fome dupla, ou seja, fome de comida que nos faz todos “bichos” e a fome do Outro sem a qual não teríamos nos tornados “gente”.  E mesmo assim, permanecemos “bichos”! ...

Que bichos!

Pois bem, falando em ambiguidade, a “mordida de Eva na maçã” nos cegou para o paraíso, mas nos arregalou os olhos para o corpo.   Já pensou a “mordida de Eva”, se ao invés da maçã, fosse na batata da perna de Adão? Hum! (Que maldade!).

O corpo para começar é uma “mordida” – não aquela que nos range os dentes – mas uma Outra, da qual vamos nos sentir sempre feridos. A ferida narcísica, digo!

Para a Psicanálise, o primeiro contato nosso com a realidade é exatamente pela boca. Engolir ou cuspir a realidade, tem portanto, o significado de vida ou de morte. Morder é tão brutal quanto a realidade toda que nos devora. Daí que saber em qual boca caímos pode ser tão decisivo, quanto saber o que agora mastigamos!

E ai primo, mordido?










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