Tempos murchos. Safras verdes!
Por Gilvaldo Quinzeiro
No tempo onde tudo tem que ser “verde”, a pressa já
não nos faz maduros. A infância foi severamente encurtada. Trocaram-se as
fraldas pelas calças compridas; as cantigas de ninar pelas que despertam o
erotismo. Na manhã do dia seguinte, o
que já se incha se torna “adolescente para o resta da vida”. E a fome do tempo por mais consumo engarrafa a
todos no mesmo “padrão”. No final, colhe-se uma murcha velhice, onde todos se “pintam
de jovens”, mas o respeito que é bom e alimenta, nada! Nestas condições, o
presente nos arrasta precocemente para o futuro. O futuro que não está lá,
posto que, o que já se tem por cá, e nas mãos, nem se contempla!
Somos portanto, hoje, uma espécie de árvore (des)raizada.
Tudo que nos atinge nos seca por inteiro. Afora isso, tudo são tempestades que nos
envergam! E nesta realidade avassaladora que a face que mais se contempla é a
da morte – não da morte à espreita – mas da que se deseja para vida cujo
sentido se acabou!
Hoje, abro a porta e dou logo de cara com um velório
de um jovem de 18 anos que se matou, e que deixa órfã uma filha de apenas 3
meses. Salvo, engano parece ter ocorrido um outro suicídio de um outro jovem.
Penso. Não bastasse os conflitos e as dores típicas
da adolescência, a realidade está ficando dura demais. Não que esta algum dia
foi mole. A questão era que, antes de um sujeito querer conquistar o mundo,
tinha ao menos que “encaliçar as mãos”. Hoje nem mãos temos, pois carecemos de tudo tão mole!
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