As cidades, seus espelhos e o cidadão: uma reflexão sobre seu descompasso
Por Gilvaldo Quinzeiro
A civilidade e o urbano, ambos, as mãos de um mesmo corpo
– a cidadania. Ora, as cidades com seus problemas acumulados de tantas épocas e
gestões, agora não são mais “espelho”, e o cidadão nelas não mais se ver. Isso
leva ao que vou chamar aqui de “a perda do cimento egoico”, isto é, o cidadão,
hoje, de posse de toda uma nova visão, não consegue mais se identificar com a sua cidade que, por sua vez,
rui sem os gestos humanos que a
enobreceriam.
Portanto, a cidade X cidadão vive uma relação de um “tango
desafinado”. A falta de mobilidade; a falta de segurança; a falta de saúde,
enfim, entre outros temas tão recorrentes são sintomas de uma doença que, pelo
que nos parece, é hereditária, a saber, a corrupção.
Pois bem, nestes dias em que se realizam no Brasil a Copa
das Confederações, uma competição que para nós brasileiros serve como “evento
teste” para a Copa do Mundo-2014, estamos nos dando conta, isso já era esperado,
de que os problemas das nossas cidades, e por conseguinte dos seus habitantes,
não se resolvem apenas com “maquiagem”, e sim, com cirurgias.
Quanto às manifestações, ainda que “verdes” e midiáticas,
têm seus ecos. Contudo, precisam ir além dos seus efeitos visuais ou sonoros.
Em outras palavras, precisam redesenhar a vida urbana. E para isso é preciso
também uma nova arquitetura política – sem esta entretanto, quaisquer manifestações por mais massivas que
sejam - não passarão de uma tênue folha
de papel a se desmanchar com as primeiras chuvas!
Cidadão, em que “espelho” você também se ver?
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