Por um fio, as velhas árvores: uma breve reflexão por um viés psicanalitico sobre o agora que se sucede
Por Gilvaldo Quinzeiro
AS
FACES
Um movimento de dezenas, centenas e milhares de faces, mas sem
nenhuma “cabeça” ou, melhor dizendo,
esta tem quem assume a sua
bandeira. Bandeiras tantas, algumas até
questionáveis; outras velhas e legitimas, mas também defendidas pelos nossos pais. Um movimento feito por jovens
como tantos outros movimentos que já ocorreram ao longo da nossa história. Mas,
o que afinal estes jovens têm de diferentes em relação aos outros que em outras
épocas também apanharam, foram presos e até assassinados na luta pelos seus
direitos?
A
GERAÇÃO FACE
Muito destes jovens há poucas semanas estavam colados nos
seus computadores; trancados em suas casas ou com os ouvidos pregados em seus
fones na condição de meros consumidores. O mundo o que era? – o virtual. E seus
olhos só estavam voltados para os limites do seu entorno. De repente: buum!! E estes jovens veem e ganham à rua pela primeira vez! O que é
isso? O que é aqui? Por que isso? Por que aquilo?
O
LIMITE
E aqui que um tema que também não é de hoje merece ser
retomado e bem refletido: o dos limites! Sabemos, pois, que esta geração de
jovens, especificamente, os baderneiros, diferente das gerações anteriores, desde a tenra infância cresceu com
pouco ou sem noção de limite algum, fato
este que é do conhecimento de todo e
qualquer educador. Culpa é claro da educação dos pais que, por sua vez, culpam os olhos da sociedade
liberal
Para muitos o limite corresponde, o ter que se esquivar perigosamente entre uma bala de borracha e outra, em outros casos, a resistência dos portões a serem arrebentados.
OS
BADERNEIROS
Pois bem, estes jovens, aqui me refiro aos baderneiros são os mesmos que hoje estão agora a assombrar
as ruas, as praças e as avenidas das cidades.
Vale lembrar, entretanto, que em casa, “a figura paterna”, não lhes foi interiorizada, uma vez que, tudo é da ordem de “como mamãe mandou”. Ou
seja, muito destes jovens cresceram sem a noção do Principio da Realidade.
Realidade que é abocanhada, mas não interiorizada, quando do ato se lançar para frente do perigo.
O
TRADICIONAL
Por outro lado, a questão da rejeição nas suas
manifestações das entidades
representativas, portanto, tradicionais (paternal), como os partidos políticos, sindicatos e outras que tais, pode
também ser explicada por este prisma, ou seja, pela não aceitação da figura
paternal, enquanto elo com o real. É
obvio que esta justificativa não isenta tais entidades dos protestos legítimos
e oportunos dos manifestantes, contudo, é um ponto a ser levado em conta no
conjunto das reflexões a serem feitas.
A
VIOLÊNCIA
E quanto à violência e ao vandalismo? Ora, a sociedade
ainda é a mesma. Ou seja, somos as mesmas faces
de antes. E entre estas, a da
violência sempre foi a mais visível, porém, vista à luz de outros espelhos.
Agora, porém, tudo se despedaçou, e não
há como ver, senão em carne viva!
O
NOVO
O dito acima é simplesmente para chamar atenção para a
complexidade do momento. Ou seja, estamos diante do nascimento de uma “nova árvore cujas raízes se sustentam em
outro tipo de solo – aquele para o qual todas as outras árvores estão podres.
Ora, isso implica dizer que tudo o que se diz aqui pode não significar nada, posto que, o agora é feito de outras palavras – aquelas para as quais as minhas nada alcançam. Mas enfim, esta é a minha reflexão!
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