A propósito das “máscaras”, a realidade sem suas faces: uma reflexão sobre o tempo nosso que rui.
Por Gilvaldo Quinzeiro
Que realidade se edifica com “máscaras”? Que “máscaras”
já não são em si a face da realidade, ao
menos daquela realidade cuja face é também as nossas máscaras?
Os questionamentos acima, ainda que sem respostas,
contudo, estes nos remeterão a uma reflexão acerca do que ora se desdobra nas manifestações
no Brasil, especialmente, no tocante, ao
“mascaramento” das faces ou das faces que mesmo sem máscaras alguma, já não têm mais nenhum traço de pertencimento com
a realidade que está a se desmascarar.
Que paradoxo: “as máscaras” de agora, poderão, enfim, serem
as faces escancaradas de outra realidade
– aquela para a qual as faces sem máscaras de hoje, já não são tão verdadeiras!
Isso me faz pensar na cosmologia maia – aquela para
qual, todas as máscaras tinham seu
tempo. Aliás, é disso que fala o tempo maia, a saber, o homem só é homem até o
próximo vir. Daí que para os maias, o primeiro homem foi de lama; o segundo, de
madeira e o atual de milho.
Mas trazendo esta cosmologia para dentro da nossa
realidade, qual o substituto do nosso homem corrupto?
Que máscaras ainda esconderão o que o óbvio
está cego de ver? Afinal que tipo de homens somos, quando aqueles que usam “máscaras”
só expressam suas verdades com a realidade que doe em nossas carnes?
Enfim, que tempo é este onde as faces abundam, mas a
dita a realidade é apenas as suas máscaras?
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