Em tempos de mãos sapecadas: o espeto é de quê?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Bons tempos àqueles onde se podia dizer: “em casa de ferreiro, espeto de pau”. Hoje, os sinais e os sintomas são outros: na
falta de espeto, os dedos espetam a carne. Contudo, isso não significa dizer,
porém, que toda carne é assada -, na pressa se come a própria mão – crua!
A questão não é só que nos faltam ferreiros, mas,
fundamentalmente Noel Rosa. Este sim valorizava com poesia, toda a carne!
Claro que
toda a perfeição é discutível: já imaginou o queixo de Noel na boca dos outros?
Pois é, o quanto nos faz falta um ferreiro! Logo
agora, onde todos os corpos têm que ser perfeitos, nem que toda a carne se
rasgue ou se estique!... Porém, como não sentir falta de Noel Rosa, que, de queixo caído, ainda assim, seria
esteticamente mais bonito do que todas as musicas que hoje “bombam”!...
Música! Que música? Aquelas para quais só são audíveis
para quem possuem ouvidos de aço?
Veja bem, o
mal-estar dos nossos dias, a saber, para tudo
enfim que há em abundância, sempre nos falta um pedaço. E de pedaço em
pedaço, não conseguimos ser mais inteiros.
Então sentimos falta de quê: de Noel ou de ferreiro?
Não se apresse, pois, em responder, mas, apenas com a mão no fogo!
Um bom domingo a todos que ainda não são ferro!
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