As janelas do corpo e da loucura: por qual delas nos arremessamos todos os dias?
por Gilvaldo Quinzeiro
Pela janela todo pensamento que se arremessa, volta
trazendo seus cheiros. Estes cheiros por si só são janelas para outras imagens –
aquelas que nos arremessam ao espelho.
O espelho é uma janela para a travessia do corpo –
metáfora sem a qual todas as imagens, cheiros e sons – seriam estilhaçados!
O corpo sem realizar a metáfora de si mesmo é aquele
que do lixo se junta, isto é, uma janela aberta para uma estranha visita – a loucura!
A loucura é uma janela necessária, quando das outras
já não contemplamos os jardins! Talvez a mais aberta de todas as janelas,
porém, com um detalhe: tudo por ela se entala. E o corpo então – sua espinha
atravessada!
Nos dias de hoje há mais janelas abertas do que “corpo
fechado”, logo, é impossível servir o jantar sem a companhia das estranhas
visitas! Compreender que aquela mão que nos “dá o dedo” na janela é a mesma que
leva a colher para a nossa boca – é destravancar coisas demais!
Por isso é mais confortável abrir apenas uma janela –
aquela com a qual viajamos para o interior dos infernos – o nosso corpo. É por
esta janela, pois, que todo o estilhaçar nos faz inteiros!
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