"O pois é" dos shoppings nos domingos sem os nossos olhos: eis a boca em que nos metemos?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Uma das marcas dos nossos tempos é a seguinte: não
somos mais feitos de “carne e osso”, mas apenas das imagens que fisgam os
nossos olhos! Em outras palavras, nunca fomos tão “peixe” como nos dias de
hoje. E por isso mesmo, morremos todos pela boca!
Ora, se somos
feitos de imagens, e não mais de carne e osso, então é justo pensar que os
olhos ganham a função de boca, de modo que, com tantas iscas balançando por ai –
é claro que para os “anzóis” nos tornamos cegos!
O dito acima é um anunciado para mergulharmos nas
águas que estão trazendo à tona o fenômeno do “rolezinho”, já tratada por nós
em outro texto. Não queremos, no entanto,
esgotar nenhuma das suas nuances que, como sabemos são várias. A nossa
pretensão aqui é apenas suscitar uma reflexão por outros olhares que não
aqueles que já nos são costumeiros!
Pois bem, no momento em que o “rolezinho”
surge como a onda que arrasta para a superfície os diferentes “peixes do seu
abismal”, a questão a ser colocada em discussão é a seguinte: o fechamento dos shoppings – a isca para todo
e qualquer olho - é enfim, o escancaramento
dos seus “anzóis” aos quais estamos sujeitos?
Sem dúvida nenhuma que sim! Daí que, como o cego que
desconfia da esmola, quando grande demais – podemos estar diante daquilo que
para Platão seria enfim, a saída da caverna? Ou apenas estamos começando a
enxergar a que estamos presos?
A pergunta final é: e como estão os olhos daqueles
que já se encontravam bem fisgados aqueles “anzóis” que, aos olhos dos “rolezeiros”
brilham apenas como “iscas”?
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