E ai pinto, já cantando como galo? Um breve discurso sobre a “casca” de cada coisa no seu tempo!
Por Gilvaldo Quinzeiro
O ovo, o pinto e a alavanca: cada um é uma coisa no
tempo com a sua “casca”; rompê-la antes que pelo próprio tempo seja escavado –
é não ser coisa alguma, senão a “coisa gora”.
O ovo no seu tempo não espera pelo pinto, e nem
quando a sua casca se rompa, dele se dá conta. Ou seja, cada coisa, e há tantas
coisas contidas pela sua casca, vive pelo seu próprio “ciscar”. O pinto, então,
antes do tempo de ser o galo, há de se contentar com o que leva ao bico do seu “ciscar”.
Quanto, a alavanca quando num canto, vive a sua
casca, aguardando o tempo de sua ferrugem. O seu “ciscar”, porém, já fez o
homem se sentir o mais poderoso dos galos!
E Pedro, quando teve que negar por três vezes o seu
Mestre, se sentiu como enfim, em que “casca” – a que contém o ovo no tempo em
que o pinto era só a sua calda ou a que o galo deveria ter desejado antes ter
sido apenas um ovo goro?
Contudo, há aqueles, e este é o nosso tempo, que se
sentem tal e qual a uma velha e esquecida alavanca cuja casca de agora é a sua ferrugem!
A questão, a ser colocada, meu pinto, é se você
neste tempo já sem “casca” alguma, negará na presença do velho galo, o ovo que
foi e sobreviveu junto ao mesmo canto da alavanca?
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