O Bebê, o Corpo e a Mãe: quando ato de nascer pode ser tão desesperador, quanto a vida de um náufrago!
Por Gilvaldo Quinzeiro
O bebê ao nascer é arremessado para “fora do barco”
por uma onda gigante. De agora em
diante, os ventos o encaminharão para o mar aberto; distante cada vez mais daquilo
que foi (o útero) por algum tempo, seu “porto seguro”! De sorte que, o tempo
transcorrido entre o ato de nascer e o colo da mãe corresponde sem dúvida
nenhuma para o bebê – uma eternidade!
Eis o
náufrago se agonizando até atingir o continente! Eis, o quanto a Mãe significa
para uma criança recém-nascida!
O bebê, portanto, no exato momento de nascer, só
conta com uma coisa que, ainda assim lhe é inteiramente desconhecida – corpo!
Nestas condições, no entanto, o corpo está para a criança, assim como uma
jangada está para o pescador. Ou seja, um frágil elo entre o mar revolto e o
continente. No mais, tudo é infinitamente assustador!
Portanto, é aqui onde o ditado popular, “fazer das
próprias tripas, o coração”, ganha um real sentido. Por outras palavras, nas
condições de um náufrago, o bebê agarrará ao seu próprio corpo, e fará dele seu
“galho de árvore”, num esforço gigantesco para escapar do mar revolto.
O problema aqui, e tudo aqui é só problema, é o
tempo e a maneira pela qual, enfim, a Mãe dará mais uma vez, seu próprio Corpo
para abrigar, alimentar, acalentar este “náufrago em desespero”! Tempo demais pode não evitar o afogamento! ...
É a Mãe, pois, que não só fará com que o bebê se
desprenda do “galho de árvore”, como fará do corpo do bebê – uma semente!
Felizes daqueles bebês que, com o passar do tempo,
se desprendem do “galho de árvore” para tornar a árvore de si mesmo!
Infelizmente, nem todos terão tido a mesma sorte, e o Corpo, terá enfim, se
transformando no mar em que se afogarão!
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