Em tempo de mares desérticos, como ser peixe? Uma introdução a condição existencial na qual se afunda o sujeito.
Por Gilvaldo Quinzeiro
Somos peixe
ao mesmo que lançamos o anzol ao mar.
Mas também somos o pescador ao mesmo que engolimos a isca. “Ser o peixe
nosso de cada dia”, eis a condição diária de ser o Sujeito. Mas entre ser ou
não peixe-pescador, pescador-peixe, há o mar que já nos abocanha, enquanto
imaginamos ser apenas um pescador dos seus encantos!
Portanto, somos também movido pela fome que nos
fisga para além da boca que deseja apenas
comida. Isto é, a engenharia que nos faz ser ora, peixe, ora pescador,
também pensou que nem todos os peixes necessariamente possuam escamas. Assim
também, como nem todo pescador,
necessariamente, está livre, de um dia,
se ver na sua condição de isca.
A vida é também o anzol na sua ponta que mantem fisgada uma outra vida. Aprender, pois, a pescar todo dia, inclusive no dia em que “ o
mar não está para peixe” , é se tornar peixe, em condições em que o mar há
muito tempo já foi substituído pelos desertos.
Ora, isso nos faz a pensar no passado evolutivo das
baleias, no qual, quando os desertos viraram mar, não lhes restou outra alternativa, senão, a de se passar por peixe
na terra em que, todo o habitat passou a ser a
própria isca. Portanto, neste quesito, o
Sujeito diante das alterações ambientais
que já nos cozinham – é preciso se acordar
para os exemplos das baleias, pois,
estas, diante do presente que já lhes fossilizava - nunca dormiram!
E ai peixe, neste tempo de tantos desertos à vista, você aprendeu alguma coisa com o nado das baleias?
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