Que diabo goza no sagrado que nos tortura?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Os homens e suas invenções de torturas. Como “gozar” destruindo o templo do gozo do
outro? Eis os engenhos que nunca cederam a pressão por mudanças. Isto é, em todas
as épocas, as coisas do Corpo seduziram o homem, seja no sentido do Corpo como
espaço sagrado para a realização do gozo; seja o Corpo como espaço também sagrado da dor - da dor que aos olhos do outro também lhe
faz “gozar”! Nem Salomão do alto da sua
sabedoria conseguiu se livrar da carne que em si ardia! E como ardia!! Aliás,
não foi Salomão quem ergueu na terra o mais sagrado dos templos?
Não há, pois, quaisquer ideias de paraíso sem que
estas não tenham nascidas antes no Corpo.
O Inferno também nasce aqui, antes mesmo
de o habitarmos em outro lugar.
Em outras palavras, se repararmos bem, os engenhos
das torturas, estes, são também objetos que diz respeito ao “gozo”. Porém, quem pode
ser mais infeliz numa época em que o Corpo é a personificação dos demônios
contra os quais lutam os “santos”?
Que “santo” precisa demonizar o Corpo para alimentar
outro tipo de “gozo”?
Na verdade, a proposito desta reflexão, algo nos intriga, a saber, se na Idade Média, “o
gozo sagrado” se materializava apenas quando da ausência do Corpo ( se castigado), o que hoje já não é tortura no “sagrado” que
ostenta o Corpo?
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