A morte de Ariano Suassuna?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A morte no sertão é peleja entre os que teimam se
fincar no brejo como sapo e os que se
serpenteiam pela areia escaldante como
cobra. Mas a morte por aqui não é nenhuma surpresa, pois é o que a
qualquer dia já é esperado. E quando
esta chega há dias com seus sinais, se
abarrancam também as visitas. Gente de
todas as opiniões e juízo dizendo como
se deve velar ou enterrar o defunto. Uns cuidando de cortar a corda da rede;
outros já pelando o porco no palheiro –
motivo de tanta gente a gargalhar no terreiro!
“Traz a cachaça”! “Prepara o espeto”! “Manda chamar
toda a cabroeira”!
Ariano Suassuna que o diga, este, como ninguém foi vivo neste cenário em que a morte
reinava. Eis porque Suassuna sabia com
tantas minucias da morte de uma cachorra querida, bem como a de um detestado valentão. Suassuna só não sabia de letra sobre a sua
morte apressada - esta que deixa órfão o
Brasil das suas letras!
Vamos chorar por Suassuna? Não!
Vá contigo mesmo
Ariano Suassuna! A tua obra continuará
entre os vivos e os mortos. E o sertão com sua peleja! Que tu sejas alto como a
padecida! E a padecida parida por este sertão de Ariano Suassuna!
Viva as raízes da cultura nordestina!
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