A peleja do segundo turno está para além dos nossos sotaques!
Por Gilvaldo Quinzeiro
A “seca” por votos
no segundo turno das eleições
presidenciais, Dilma X Aécio, volta a ser solo fértil de discriminação contra
os eleitores nordestinos. Mais uma vez, as redes sociais são encharcadas de
comentários ofensivos de todos os níveis em relação ao Nordeste, bem como o
parto dos mais diferentes discursos – todos em carne viva pela fome da mesma
verdade. È aqui, pois, onde “calangos” e “tejos” travam uma velha
peleja em tórrido chão. Explicar isso à luz apenas da semântica é camuflar a
realidade em que só os camaleões sobrevivem!
A eleição
presidencial a ser decidida no segundo turno, no dia 26 de outubro, é uma
peleja para além de todos os sotaques! Portanto, merece uma reflexão mais
aprofundada.
Lutar ostensivamente contra a ascensão econômica,
política e cultural do Nordeste, região
esta que durante quase toda a República, ficou entregue à sua própria sorte,
isto é, ora nas mãos de cangaceiros, ora
nas mãos de fanáticos religiosos -, é
pedir de volta a velha “política café-com-leite”. Mas a que Brasil
interessa o retorno desta velha
política, senão a aquele que fez
da “Republica” uma coisa pública apenas para poucos? Quem se
esqueceu de que, enquanto o Nordeste
passava fome, já em plena Era Vargas,
foram queimadas cerca de 17, 2 milhões
de sacas de café ? Tudo isso apenas para
atender os interesses dos “barões do café”!
Ao longo de todo um tempo, o Brasil, e tudo que nele
se desenhava politicamente, era feito pelos “engenheiros políticos” dos Estados
de São Paulo e Minas Gerais para os
quais, o Nordeste era sua senzala, e nada mais do que
isso. Com quais mãos foram erguidos os
viadutos e os arranha-céus das grandes cidades brasileiras, a não ser pelas
mãos de milhares de nordestinos?
Portanto, o Nordeste deverá sim fazer diferença
nestas eleições. Isso prova, o peso
político do voto dos nordestinos que,
claro, devem votar de acordo com os interesses da região! E nada mais inteligente do que votar com os olhos focados na realidade
regional. É aqui, na terra do nosso dia
a dia, onde apenas “prometer a terra”, faz toda a diferença!
Se no primeiro turno, “os secos” pela fé quiseram mudar o rumo das estações, no segundo turno, porém,
não se engane, haverá quem queira cuspir na nossa plantação, alardeando que o período chuvoso chegou. Em
outras palavras, a fundura do poço
político é mais embaixo. O solo das mudanças é pedregoso e cheio de emboscadas.
Portanto, preparem as cabaças e encham-nas com toda água possível. Devemos, pois, nos preparar para o acirramento da disputa
eleitoral! Ser nordestino é ser forte o tempo todo, especialmente, no tempo das
mais brabas das secas. Por que agora
vamos fraquejar?
Votar em Aécio pode até servir de discurso de mudança – mas qual? Ao do “retorno”, no qual a maioria das casas de milhares de eleitores
eram iluminadas à luz de lamparina? Por
outro lado, anular o voto é alimentar um
discurso outro – o narcísico – e com ele
abrir feias feridas! Votar em Dilma, portanto, não obstante, a todas as
criticas que se cabem fazer a ela e ao seu partido - é a
opção que de fato mais nos afina com o
mesmo sotaque!
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