As cachaças da natureza humana
Por Gilvaldo Quinzeiro
O amor e o ódio são filhos da mesma cachaça: a natureza
humana! Mas somente o ódio nos atrai como abelha pelo açúcar. Eis porque de amor
somos tão azedos, ainda que sóbrios.
A natureza humana é o alambique onde a carne é anterior à
fome de todas as palavras. E as palavras quando ditas são plantas com seus
frutos já maduros. Portanto, “o pão nosso de cada dia” aqui, alimenta-se dos
nossos vazios. Vazios que são apenas modo de dizer, pois, de tudo já nos
empanzina!
O amor em certas circunstâncias pode estar insosso de si
mesmo, e o sal que lhe falta a muito tempo de ódio se conserva. Eis o motivo
pelo qual o amor pode ser tão devastador, quanto o seu elemento oponente: o
ódio!
Portanto, saber que de uma hora para outra, tudo em nós
se transforma é navegar de olhos abertos para dentro do rio que nos afunda! É
aqui, neste rio de aguas sempre escuras, em que ora somos pescador, ora somos a
própria isca – e o peixe - o jantar de
quem a noite, nos come frito!
Você está bêbado de quê, meu colega?
Boa reflexão!
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