O espelho
Por Gilvaldo Quinzeiro
O espelho. De ontem para hoje, este tema me foi
recorrente. Primeiro, em sala de aula, quando fui questionado por meus alunos sobre assuntos que
me remeteram a questão especular. Segundo, um grato e bem humorado comentário
postado no meu perfil, pelo poeta Renato Meneses, o qual, também se referia ao
espelho, em alusão a um questionamento de uma criança, a seu avô a respeito do tamanho do nariz do candidato a Presidente, Aécio Neves. Ontem, eu até tentei escrever sobre o tema – ver o texto
abaixo sobre “Cupido”. Hoje, pela manhã, me senti tentado a retomar ao
assunto.
Pois bem, ontem mesmo, eu conversava com uma jovem a
respeito, de um aspecto dela que há dias, vinha me chamando atenção – uma imagem
outra – a de uma criança. Perguntei-a se tinha consciência de uma suposta criança que ela deixava escapar? - Não! Respondeu-me surpresa!
Depois, no aprofundar desta mesma conversa, ela me
revelou que desde criança conversa com o
espelho. Curioso, quis saber mais como se dava esta conversa. Ela me respondeu:
“o espelho me responde exatamente, aquilo que eu quero ouvir. Isso me faz bem!”
Perguntei-a em seguida: mesmo que esta resposta seja uma mentira? “Sim”! Respondeu
ela.
Espantoso, isso não?
Ora, veja bem, o que estaria por trás desse espelho desta
jovem? Arrisco a responder:
Primeiro, a pessoa que pergunta é mais “quebradiça” do
que aquela que lhe responde. Segundo, a pessoa que lhe responde é mesma que
alimenta o seu estado “quebradiço”. Terceiro que existência “porosa” é esta
desta pessoa! Aliás, como eu já escrevi em outros textos, o quanto é porosa a nossa existência!
Voltando ao assunto travado em sala de aula, um dos questionamentos feito por uma aluna, foi
a respeito do budismo e por conseguinte da reencarnação, o que me levou a
falar também do espiritismo e das experiências mediúnicas
de Chico Xavier. Já em casa, eu fiquei a refletir um pouco mais sobre o assunto:
se somos tão “porosos” ou “quebradiços” – eu trouxe de volta a conversa que eu
tive com aquela jovem do espelho – então isso explicaria a necessidade de mais
uma existência?
De uma, não! Trezentas, respondi-me de súbito, de frente
pro meu “espelho”!
Por fim, se
considerarmos que esta nossa existência de agora já nos escapa, viver e bem o
dia de hoje, é no mínimo ter a coragem para ainda se olhar no espelho. Amanhã, pode
ser, entretanto, que o sorriso do espelho é para nos avisar que, enfim, Outro visitante chegou!
Bom dia, a todos!
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