Nós, os urubus dos nossos olhos
Por Gilvaldo Quinzeiro
Hoje nada se apalpa. Tudo se come, e com os olhos. Porém,
isso tudo tem um preço, e caro, a saber, o preço de termos fome de tudo, pois,
nem tudo que nos enche os olhos é bonito!
Em outras palavras, estamos empanzinados de tudo que é horripilante.
Os aparelhos de celular e outros que tais, por exemplo, se tornaram uma espécie de geladeira, onde
armazenamos os corpos mutilados que recolhemos diariamente dos acidentes de trânsitos,
muitos já sem cabeça, para, (pasme!) alimentar
a fome dos nossos olhos!
Não. Nós não somos socorristas, pelo contrário, nos
transformamos apenas numa nova espécie
de urubu – aquela que “engorda” só em ver a carniça!
Será esta uma explicação para o “envelhecimento” precoce dos nossos
jovens?
O fato é que, trocamos a vida livre dos mares apenas para
enfeitar as prateleiras na condição de “sardinhas enlatadas”. Eis o útero da fome de olhos!
Que cara escolha!
Por fim, que fome ou que olhos? Tudo apenas para ser
abocanhado de vez pela realidade?
Um bonito domingo
a todos!
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