O pouco ou o quase nada
Por Gilvaldo Quinzeiro
O pouco ou o quase
nada... Quem se arriscaria em tão longa e árdua caminhada apenas para colher o
que lhe cabe em uma das mãos? Quem sabe viver da graça de se ter tão pouco?
Atravessar o rio a
nado, não significa, no entanto, se
apoderar da força que inunda os córregos, mas, se aproveitar da sonolência de
qualquer correnteza!
Assim também são as travessias dos desertos: o nada é tudo, isto é, o ponto do
qual devemos nos refazer – o tornar-se
o engenho de si mesmo!
Todos os dias desatamos o mesmo nó que ontem atamos.
E assim seguimos como aranhas a tecer o nosso caminho do pouco ou do quase nada!...
Assim como as formigas?
As formigas sabem muito bem o que significa acordar cedo
para remover as pedras do seu caminho!...
Não há melhor visão do pouco ou do quase nada do que o
caminho feito e percorrido pelas formigas.
Quisera eu ter a paciência pequenina de uma formiga. Quão eu me agigantaria nas
minhas batalhas de diárias!
Mas o que tenho? O que sou?
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