O gozo, o corpo e seus fantasmas: quem é quem a despeito do Outro que também somos?


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

O gozo nos arranca do corpo; do corpo em que estamos plantado para outros corpos possíveis, entre estes o que trazemos do Outro, e é neste que residem todos os nossos fantasmas. Ademais, o gozo não possui face alguma, senão aquela pela qual possuímos a do Outro, ainda que este também esculpa a nossa – naquilo em que por mais momentânea que seja, afugente seus fantasmas!

O que é o corpo, quando dele podemos nos desprender? O que é o gozo, quando a ele, ainda que não o atingindo, somos impelidos? O que são os fantasmas, quando deles somos sua morada?

O ato sexual é desta ordem fantasmagórica, isto é, não estamos propriamente no corpo, senão, naquele que apoderamos do Outro.

A propósito, tomei conhecimento em uma conversa informal, de um caso de uma mulher que quando criança, tinha um medo apavorante de gafanhoto, e um vizinho sabendo disso, lhe apresentou o tal inseto que, usando-o como arma contra a menina, com 9 anos na época, a abusou sexualmente.

Ao ouvir este relato, fiquei a pensar: que tipos de fantasmas podem ter sido plantados na cabeça desta criança – o do gafanhoto – ou o do abusador? O que é corpo para esta mulher, naquilo em que o seu foi perdido? O que é o seu gozar, naquilo em que “o gozo” do outro, foi apenas a sua aflição?

 

 

 

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla