Por quem se calam os tambores?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Os tambores nas mãos do negro eram asas, quando pisar no chão era se acorrentar aos engenhos
da escravidão. Isto é, sonhar para o
negro era o avesso de uma realidade que se fazia da carne viva.
Viva os tambores! Mas por quem se calam os homens nos engenhos de hoje?
Ah meu senhor, o que não é
ser escravo nos dias de hoje,
quando todos acreditam ser livre com as mãos presas aos “novos
engenhos”?
Tontos cuidados para tantas loucuras! Tantas
loucuras prenhas em tontas leituras!
Tantas santas putas! Quantas calças curtas no meio de tantas pernas compridas!
Ah meu senhor, o que há de novo nos templos, senão a
velha arquitetura que põe de pé todo o
apocalipse no qual mamam vultosas fortunas!
Mudo cão ou
mundo oco? Mudaram-se os tambores ou ficaram surdos os homens?
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