A crise brasileira e a demanda por Judas
Por Gilvaldo Quinzeiro
A crise política brasileira cria erosão e fissuras em todos
os terrenos. O caso recente de um jornalista, que agrediu verbalmente pelas
redes sociais Chico Buarque, e que depois em carta lhe pediu desculpas –
ilustra bem a demanda por Judas!
A figura de Judas é arquetípica, e como tal é recorrente,
logo, uma tragédia sem que se invoque tal figura, foge dos padrões humano. Ou seja, tem que haver a qualquer custo o
culpado!
A crise brasileira desemboca no velho maniqueísmo: de um
lado os bons; do outro, os maus. Aqueles que se acham ‘bons’, ou seja, que não
são os responsáveis pela atual crise, utilizam-se da mesma ‘foice’ que antes
era o instrumento ceifador de cabeças, usados por aqueles que
hoje podem perder as suas! E assim sendo que diferença faz?
O ‘diabo’ de toda crise é o mesmo: o pão sobrepondo as
palavras! E como ‘catarse’, o sangue!
O sangue desde os mais remotos tempos tribais, é o
extirpador ou o atraidor dos demônios!
Na atual crise política brasileira, há quem invoque como
solução o ‘sangue azul’, em contraste ao vermelho petista. Ou seja, querendo ou não, o nosso maniqueísmo,
tem também seu viés místico ou, para ser mais enfático, judaico-cristã.
Voltando a figura de Judas, Chico Buarque parece ter sido
escolhido pelos ‘bons feitores’ de agora para cumprir a mais difícil missão
humana: a de ser o culpado!
Isso por si só resolveria o problema? Afinal, quem está em condição de “atirar a
primeira pedra”?
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