Hórus e Lampião: para que ‘diabo’ tantos olhos?
Por Gilvaldo Quinzeiro
“O olho que tudo ver”, assim como o de Hórus, o nosso também
está sendo penosamente arrancado – no mito egípcio foi Seth que arrancou o de
Hórus –, já na nossa espinhosa realidade há alguma dúvida acerca de quem cegou
o nosso?
Lampião, “o rei do cangaço” perdeu um dos seus numa peleja
no sertão. É neste particular que este se fez de ‘Hórus’ para os olhos acesos
de muitos. Ou seja, do que adianta ter os dois olhos sãos se para os espinhos
da realidade somos todos cegos?
Este texto é um olhar inspirador sobre o mito egípcio e uma
comparação com a nossa realidade, que está a demandar por uma visão apurada, se
possível, um ‘terceiro olho’, pois, só os dois não estão dando conta. Veja por
que.
Hoje pela manhã, enquanto fazia o meu habitual passeio
pelas ruas da cidade, fiquei atento a uma cena que se repetia em quase todas as
lojas, inclusive nas bancas dos vendedores ambulantes, qual seja, todos os seus
‘atendentes’ de olhos fixos em seu aparelho de celular!
Todos ‘cegos’ para o mundo em sua volta! Todos de ‘olhos
abertos’ a uma realidade ilusória – que nos reduz a mera condição de ‘espantalhos
espectadores’!
Que ‘deus’ é este que ao contrário de nos abrir os olhos,
os fecham para a realidade vívida? Isso é mito ou realidade?
Na verdade, eu já tenho escrito e falado reiteradamente a
respeito de que estamos ficando híbridos; assim, como eram híbridos os deuses egípcios
– ou quem sabe o homem egípcio(?)!
Isso não significa dizer, entretanto, que estejamos mais ‘preparados’
para os desafios da vida, isso apenas significa, entre outras coisas, que precisamos
de ‘olhos’ para enxergar não só a complexidade da realidade em nossa volta, mas,
sobretudo, o ‘bicho’ que possamos vir a ser!
“O olho que tudo ver”.
Quão é oportuno se comparar um mito (mito aos olhos de quem?), em
especial, egípcio, com a realidade que nos cega!
O Egito Antigo é misteriosamente fascinante! Só o fato de trabalhar com a categoria do “olho
que tudo ver”, já merece toda a nossa atenção e respeito.
Ora, isso nos remete não a leitura compulsivamente
livrescas, como as que estamos habituados a fazer, mas a leitura de mundos e
situações não habituais!
Por fim, já pensou Lampião, “o rei do cangaço”, que era
cego de um olho, com o outro ‘fixo’ em quem não era o perigo!
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