Na terra do Outro, todo peixe é frito!
Por Gilvaldo Quinzeiro
O Outro é a terra forasteira, sem a qual, não teríamos
lembranças algumas das mais estrangeiras das terras que habitamos dentro de nós.
O que somos, primo, é
terra de ninguém!
Cada pedaço do Outro é o espelho no qual somos vistos por
inteiro. O Outro, primo, é os olhos do gato, enquanto os nossos estão devorando
os do peixe!
Se soubéssemos ‘pescar’ apenas pelos olhos do Outro, os do
peixe seriam exatamente os nossos.
Veja, primo, a importância de termos os olhos fincados bem
no meio da cara! Já pensou se fosse nas nádegas?
Ainda bem que o ato de sentar não nos turva a visão, exceto
quando o assento é o “pulo do gato”!
Pois bem, por falar no “pulo do gato”, ontem, eu recebi a
visita de mim mesmo, ao ser procurado por alguém que de tanto tempo sem vê-lo,
não reconheci as feições. Disse-me esta
pessoa diante da minha hesitação: “Eu sou aquela pessoa a quem você muito ajudou,
e hoje volto aqui para lhe agradecer”!
Oops! Os meus olhos quase pularam fora da frigideira!
Convidei a pessoa
para entrar, e lá ficamos a conversar sobre as ‘terras’ de cada um, e das
sementes que não germinaram e das outras que hoje são florestas devastadas.
Quão é estranho os caminhos que nos levam aos reencontros –
assim como é estranho para os olhos do gato veem os do peixe tão próximo da nossa
boca!
E aí primo, frito como peixe ou vivo como os olhos do gato?
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