Um breve discurso sobre a ‘tentação’ do esquecimento!


 Por Gilvaldo Quinzeiro



Reza uma lenda que um carpinteiro estava em sua oficina fazendo uso da enxó para lapidar a madeira, quando por lá, de repente, lhe apareceu o ‘diabo’ dizendo: “moço, assim você vai cortar o nariz”!  No que o carpinteiro em resposta ao ‘diabo’, no ímpeto levou a enxó que antes estava sendo usada na madeira, em direção ao nariz dizendo, “não amigo, só corta o nariz se eu fizer assim”! E lá encravou a enxó no nariz.  

 O ‘diabo’ do corpo é que ele pode ser o nosso, e a tentação’ nos aparece com a ideia de pertencimento: de quem é a mão que não hora de fatiar o queijo, decepou o dedo – do rato?

Neste tempo de ‘memórias eletrônicas’, o corpo é depósito do esquecimento, logo, a dor é um bom sinal de que este ainda nos pertence!

Um sujeito que sofreu um grave acidente de moto, segundo relatos de testemunhas oculares, não obstante está ferido e com uma das pernas estirada no meio da rua, pergunta: “ e a minha moto está intacta”?

Qual era a dor desse sujeito? Como explicar a sua não preocupação com a perna, que lhe fora arrancada?

Outro dia, em resposta a minha pergunta a respeito da importância do aparelho de celular na vida das pessoas, um aluno me respondeu de pronto: “o celular é minha mão"!

Será esta a  ‘mão’ com o qual este faz o asseio?

Há tempo eu li uma reportagem, em que uma pessoa, que estava passando roupa, quando, de repente toca o telefone, e esta ao atender, em vez de pegar o telefone, leva o ferro de passar ao ouvido. Não deu outra: o ferro ficou grudado na cara!

Por fim, em tempo em que as memórias, que nos vêm à tona são só as eletrônicas -  quem dera que as crianças mortas dentro dos carros por esquecimentos dos pais, fossem apenas ursinhos de pelúcia!






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