O espelho: eu hein?


Por Gilvaldo Quinzeiro


...E pensar no espanto que aquela modelo bonita teve quando viu a sua foto estampada na capa de uma revista: “esta não sou eu”!  Não, cara pálida, era minha mãe!

Imagine eu, modelo das minhas aflições, vendo-me hoje no espelho!

Que diabo sou?

A crise, qualquer que seja, nos torna bebês carentes por seios e afagos.  Logo, ser ‘adulto’ é amamentar a si com vãs promessas de presentes e substitutos, dos seios que nunca foram realmente nossos!

Um belo dia, o ‘adulto’ descobre quão vazias são estas promessas, e ai oops! – o bebê chora!

A pior de todas as crises é aquela em que já não ‘amamentamos’ as nossas ilusões. Isto é, a crise para a qual já não somos ou temos ‘espelhos’ – seios da nossa vaidade!

Alguns chamam esta crise de ‘existencial’, eu a chamarei de a ‘quebra do espelho’. É aqui onde as velhas cicatrizes, resolvem como ovos, eclodirem da ninhada.

O imagético, meus caros, isso mesmo, o ilusório! – é o que nos erguia até agora, e, pasme! – continuará a nos erguer caso sejamos capazes de refazer nossos espelhos!

Veja quão tênue é a nossa existência!

Não estará aquela modelo da capa de revista, acima aludido, diante da ‘quebra do próprio espelho existencial?

Enfim, somos ‘remendos e fios’ da nossa costura existencial. Nada mais e nada menos do que isso!

Que trágico isso? Não! É cômico!  

Sorriam seus espantalhos!




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