Em tempo de máscaras, o que são os nossos olhos? Um diálogo (implícito) sobre o desejo!
Por Gilvaldo Quinzeiro
A máscara. Quem a prescindi? Quem não a mascara? No final
de uma vida, quem se deu conta de quantas foram preciso para não perder uma
única cara – aquela pela qual fingimos não ser máscara alguma?
Ora, pois, bem, numa época em que se é preciso fazer de tudo para se ter um “bumbum”
- para onde os olhos de todos parecem
estar voltados -, como não coloca-lo, também na “ cara” que nos
falta?
Os olhos. Afinal o que os agrada? Aliás, onde estes abundam
senão naquilo que nos falta!...
A ida a um shopping,
por exemplo, é quase uma obrigação – uma
questão de estética! Contudo, de lá voltamos sem os nossos olhos, sabem por quê?
– Porque estes ( pensem bem!),só têm sentidos sendo os dos outros!
È aqui que nos tornamos “cegos”, ou seja, quando
dependemos dos olhos dos outros para enxergar com os nossos!
O desejo. Eis o que está implícito neste diálogo. E Lacan
eloquentemente já dizia: “o desejo é o desejo do outro”.
E quem é este Outro? – Respondo: nós mesmos à medida que
deste não nos desvencilhamos!
O complicador é: quem somos nós? È aqui que volto a falar sobre as máscaras, não as do
outro que com certeza já desejamos que fossem as nossas, mas aquelas que nos
pertencem, e temos dúvidas do “desejo” do outro por elas.
Portanto, não se assombre: o desejo é recorrente, as
máscaras com as quais o ocultamos também. E às vezes, “o gozar” é tão mascarado
que falar de sujeito sem máscara é o mesmo que dizer: quem em ti goza, senão o
gozo que em ti permanece apenas e por pena do puro desejo!
Comentários
Postar um comentário