Um chapéu para a seca, um rio morto para os homens: quem matará a sede de quem, quando as fontes das “coisas” que nos alimentam secarem?


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

Assim como um chapéu não passa de uma mera peneira sob o sol que se espraia para além de todas as cabeças, o homem cuja fome de agora é apenas por  “coisas secas”, não estará livre de  se afogar na própria sede,  quando as do rio já estiverem estorricadas!

Quando os últimos “calambanjos” estiverem pulando para fora d’água para não morrerem escaldados, pode ser que alguns homens ainda estejam sorrindo da pele do outro se desvencilhando do corpo. Mas ai será tarde demais, pois, quem já não se considerará “peixe frito”?

Afinal do que adianta a revolução cientifica que nos levará ao solo estéril de Marte, quando os desertos da Terra, ainda há do que brotar? Não vale mais a sabedoria egípcia que fincou  para sempre nos seus desertos “os sinais” que nos apontam respeitosamente para os céus?

Olhem mesmo para cá. Que homem se banha nas águas do rio Itapecuru que não saia de lá seco de água pura? Ora, pois bem, os homens que há muito tempo adoravam este rio, foram expulsos por aqueles que endeusavam  mais o que obtinham com a espada, inclusive  a fé, do que aquilo que poderia saciar a sua sede!

À agua que nos falta agora, já foi à mesma que fez desta cidade, uma terra de riachos: São José; Sanharó e tantos outros, hoje, todos doentes, senão mortos pela nossa sede que não nos leva a pote algum – mas a desgraça!

Podemos dizer, entretanto, que a pior seca já está a nos abater: a de homens! Esta sim fritará todo o planeta. E pensem bem – não adianta se passar por “peixe”!

E ai peixada! Tudo seco?

 

 

 

 

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