Um diálogo sobre o belo e o supositório: como não ser nada daquilo que nos impõe?


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

O que é realmente “o belo”, fora daquilo que nos impõe? O que são as coisas, fora daquilo que nos conceituam como sendo tal e qual, enquanto nós  apenas as abocanhamos? Esta é uma reflexão sobre “as não- coisas” – aquelas para as quais não dedicamos tempo algum!...

Ora, como negar que nos tornamos meros “supositórios”: um entrar e um sair sem gosto algum! Eis, a ordem da “arquitetura consumista” – nos tornamos “bocas e pratos” a servir os mais duvidosos gostos! Entretanto, isso não significa saciar fome alguma, pelo contrário – a fome aqui nunca foi tão bem alimentada de carências nutricionais!

È neste “devorar-se sem fim”, que ficamos ocos – nada se fixa, embora  tudo  seja da ordem daquilo que nos “enche” !

Mas, voltando ao “belo” , ou mais precisamente ao nosso  “empanzinamento” por este, nunca realmente o supositório nos foi tão caro e necessário. Quisera fosse um Picasso?

Vejam que este diálogo tende a nos render muito mais do que se fôssemos  revirar todas  as obras cubistas. Não é bem isso o que se pretende aqui. Mas abrir os nossos olhos, não para as coisas que nos tornam ocos de vê-las – e sim para aquelas que a nosso ver, nem são “coisas” ainda!...

Portanto, são estas  coisas, ou seja, “as não-coisas” que um Picasso nos esfregou na cara com toda a arte possível no seu tempo.

Quanto ao nosso tempo, qual o tempo que nos dedicamos a refletir sobre “o belo”, uma vez que, nos parece  ser mais fácil acreditar que já  o temos o tempo todo sempre disponível?

 

 

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