A coisa de sapato: um diálogo sobre o sujeito e a subjetividade
Por Gilvaldo Quinzeiro
A “coisa” veste fantasia: a nossa! De sorte que, sem esta, a coisa em si perde
seu pertencimento. E o sujeito, sem o que acrescentar à aquela, fica
completamente despido daquilo que lhe poupa, ainda que ilusoriamente do vexame!
Ora, a “coisa”, calça sapato, de preferência de salto
alto. É quando, pois, acreditamos possuí-la, controlá-la. A questão, por outro lado,
é a “coisa” não possuir olhos para os nossos que a possuem. Isto é, a coisa em
si, permanece intocada – eis o mal-estar e o assombro do sujeito!
Portanto, o sujeito X a “coisa” trava um monólogo. No
final, porém, as vozes ouvidas, não são só as do sujeito – as das coisas foram
plantas – assim como a água batendo em pedra dura! ...
Mas, quando o sujeito silencia, e tudo enfim, são só as
vozes das coisas? – Ai podemos falar “do engolimento do sujeito” pela “coisa”.
Da coisa que o sujeito plantou de si mesmo. Este, portanto, já é um sintoma da
loucura – a coisa Outra!
A “coisa” o que é, enfim? – Tudo. Tudo aquilo que o
sujeito, num primeiro momento, não contempla nesta a sua própria face. E fará
desta pela resta da vida, uma das suas lutas mais inglória. Mas, enfim, sem
esta, contudo, o sujeito não existiria! ...
Que coisa, não?
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