Nem a rudia, nem o pote: uma reflexão sobre o simbólico, hoje, quebrado?


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

 

O simbólico é o nó civilizatório, sem o qual a civilização é só frouxidão. Aliás, o que há agora que não esteja solto?

Ora, vejamos. O pai é um homem  como qualquer outro  de carne e osso, entretanto, o filho,  no processo civilizatório não o respeita por isso, mas pela figura que o representa, ou seja, o simbólico. Pois bem, a demarcação entre o homem e o que ele possa vir representar é tênue, contudo, quando esta imaginária linha não é respeitada, então corra porque quem vos fala já se tornou  um “bicho”.

Deste modo,  o fato é que nem a “rudia, e muito menos o pote” – estamos com as mãos ocupadas demais para erguer as coisas do pensamento! Isso implica dizer que o que nos desperta nestes dias de tantos soluços e pouca mamadeira é o “nó da corda sobre o pescoço”?

Voltando a figura do pai, como o interdito entre o filho e a mãe - é a perfeita  metáfora cujo contexto nos civiliza.  Ocorre, entretanto, que esta figura já não pode ser mais metaforizada, posto que, a realidade de hoje o volatiliza, ou seja, é da  ordem que não se fixa, mas nos escapa.

Portanto, sem o simbólico, o individuo é apenas “a carne viva” – tudo tão exposto, sem parede alguma.

Vem dai o crescimento do número de  homicídios em família? Até  que se  tenha  outros elementos para tese em contrário, a resposta é: sim. E mais – para as mortes no transito. Aliás, é no trânsito onde o simbólico é substituído pelo sinal do corpo esfolado! Tarde demais, não? E que dizer daquelas mortes bárbaras, quase diária, entre casal de namorados, motivado pelo “não” do outro?

 Isso é o mal-estar na civilização? Ou a civilização já não está mais ali onde antes era apenas o seu mal-estar?

 

 

 

 

 

 

 

 

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