A infância sem seus quintais, mas com muita obesidade: oba?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A infância, por pior que seja é o que permanece na vida
longa que nos escapa. Tudo lá parece eterno. E quando cá, já na velhice, quão
tudo não passou de pequenas bolhas de sabão. Ora, são nestas bolhas que estamos
afundados. De sorte que a qualquer estalo tudo se desfaz.
Mas enfim, a infância hoje já se tornou tão curta que a
vida lá pra frente é tão comprida, porém, de pouco proveito – tudo é murcho
demais – nunca amadurece! ...
O menino já “homem” não consegue ser mais “menino”,
porém, este quando homem viverá morrendo de vontade de ser novamente um menino:
tarde demais!
A bolha estourou, e partiu com o vento os sonhos e toda a
mecânica para sua realização.
Foi-se o tempo do “menino do buchão” – aquele sim era
menino – solto e de pé no chão. Confeccionava seus próprios brinquedos; dava
vida a imaginação...
Ora, um menino assim vívido, destemido e realizador dos
seus sonhos, todos feitos de embira e outros que tais, não daria lucro nenhum
aos shoppings e ao comércio que “dita” o que os meninos de hoje devem sonhar!
Que sonhos os de hoje? Tudo já vem pronto!
Pois bem, a infância hoje é nicho de mercado. Não é
coincidência, pois, um drama cada vez mais comum: a obesidade infantil. Lembra
do velho Freud falando da “fase oral”?
Entendeu agora
porque só temos “boca”? Não? Pois, feche a sua, antes que o comércio lhe empanturre
de tudo!
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