Os universos, e uma lamparina: quando todas as explicações são quebradiças!


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

 

O tamborete e a porta. Lá dentro uma lamparina. Lá fora o breu. È neste universo, pois, quem tem um bastão é Deus, e quem busca os gravetos é o homem.

Tudo enfim é nervura. E o ilusório dorme atrepado como os olhos do homem lá em cima na cara. Já pensou se ficassem nos pés? Quantos agora mesmo não estariam sentados em cima?

Pois bem, ai de nós sem o ilusório!

Mas, voltando ao tamborete e a porta. Quem espera por quem pelos caminhos, onde todo amor é peregrino? A menina que se penteia na penumbra, e a fumaça da lamparina já quase lambendo sua face: de longe ainda dá pra ver uma silhueta presa por  um elástico encardido!

Deus aqui não poderia ter  outra face, senão a feita de embira. Ora, como ter Deus de carne, quando o homem é de barro?

Em outras palavras, o universo é feito de cabaça, quando na cabeça dos homens, dormir ao lado do pote significa acordar distante da seca.

Imagine-se,  pois, no lugar daquela menina quando o resmungar no caminho, protegido pela escuridão da noite, seja também os olhos que acenderiam os seus na mesma treva na qual brilha   aqueles  pés encardidos!....

Enfim, quem será aquele que entrará por aquela porta fechada por uma esteira, e sentará naquele tamborete ali no canto, quase tão abandonado, quanto àquela menina?

Ora, é neste universo trincado por suas embiras que Deus tem a forma de nó. E em cada cordão tecido e colocado no pescoço: tudo enfim é bênção! E com a bênção todas as promessas alcançadas!

Viva então, o sabugo de milho!  - O Deus de toda menina cabrita!

 

 

 

 

 

 

 

 

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