O parto da palavra: que dor?




Por Gilvaldo Quinzeiro




No princípio não tinha nem veredas. Tudo era o corpo em seu longo desabrochar.

O odor era um sinal para a nossa cara feia ou alegre, bem como para “o querer” do próprio corpo

O dedo era quase tudo.

O grito era quem de nós chegava primeiro, onde mão alguma conseguia alcançar...

O choro, o substituto das nossas “tripas” quase sempre esquias.

De repente: “u”, “a”, “ooooooooooooooooooo!” – nasce a palavra ainda envolta a em sua placenta, e com ela, o homem em seu rastejar pelos desertos de “homens” ...
  
Contudo, até esta se desvencilhar da sua “placenta” – foi um outro parto! Um “ai’ inaudível, mas se antecipando aos tambores.

A palavra, enfim, substituiu a mão sobre a coisa, numa época em que ambas eram uma coisa só?

Hoje, a palavra é uma arma que mata.

O desejo de todo homem “eloquente” é falar todas as palavras antes que o Outro possa fazer uso delas contra si.  

Seu triunfo, entretanto, vai ser comemorado com quem? Trata-se pois, da “vitória de Pirro”! ...

Por fim, com a palavra, as parteiras ou os tiranos?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla