Chico, os cães e os novos ventos: quando o cálice é também a nossa cruz!


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

 

Pode ou não se publicar biografia não autorizada? Pode ou não se fazer pesquisa com uso de animais? Eis dois assuntos que não só foram notícias esta semana, como abriram de vez algumas feridas. E é sobre estas que vou aqui arriscar a colocar o dedo.

Pois bem, a primeira questão estilhaçou um ícone de toda uma geração para a qual a liberdade era a sua maior bandeira – estou falando de Chico Buarque que nem bem acabou de se manifestar num artigo se posicionando contrário a publicação de biografia não autorizada, para, em seguida pedir desculpa a respeito de uma outra afirmação na qual negara ter sido entrevistado por um jornalista, o mesmo que teve o livro que tratava da biografia de Roberto Carlos, retirado das livrarias.

Ora, como negar as contribuições de Chico para aquela e outras gerações no tocante o forjar de novas consciências? Por outro lado, como negar que o “homem”, e não a sua obra envelhece tão rapidamente? Quem envelheceu com Chico também fez encolher as suas bandeiras? Veja quão complexo é a questão! Exige, pois, “operários”, na sua construção!

Uma coisa, entretanto, não deve nos passar despercebida, a saber, os sintomas que hoje nos agonizam são outros e espraiados, conquanto, as causas pelas quais tantas faces se enrugaram, sejam as mesmas.  De sorte que, “O cale-se” aqui escancarou de vez outras bocas! ... Talvez aquelas que pela minha, eu não lançaria grito algum...

Outra questão, tão apaixonante, quanto a primeira foi a invasão por ativistas a um instituto de pesquisa no interior de São Paulo, em defesa dos animais que serviam de cobaias. Tal fato expos a ferida pela qual se “cura” outras. Tal intervenção, abortou pesquisas que estavam sendo feitas para o tratamento do câncer. Pelo menos é o que alegam os que falaram em defesa do tal instituto.

Estamos agora também nos dando conta de que a “civilização” com o todo o seu esplendor é a mesma que foi erigida com sangue e cadáveres?

Vejam só, o quanto esta discussão nos revela que estamos todos em carne viva. De sorte que, em tais condições, como aparecer bem no “espelho”? Tudo é tão delicado que nos é necessário repensar a ordem das coisas. E, se nela somos nós que estamos de “cabeça para baixo”, então que tal colocarmos ao menos a bunda no chão!

Cale-se?

 

 

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